Coletivos locais farão evento no domingo -29/05- contra o proibicionismo lembrando a luta do padre Ticão.
Em pronunciamento feito na Tribuna Popular da Câmara no início da 16ª sessão realizada nesta terça -25/005- Sônia Maria Almeida de Melo, falando em nome de uma frente de coletivos da cidade como Movimento pela Regulação da Cannabis, Associação Canábica de Ubatuba, Instituto Jurema, Comitê de Luta Anti-proibicionismo do Estado e da ASMU -coletivo feminista de Ubatuba, convocou moradores a participar de uma “Marcha da Maconha Medicinal em homenagem ao Padre Ticão” a ser realizada no próximo domingo.
Ela leu um manifesto anti-proibicionismo a favor do livre cultivo e livre consumo da cannabis para uso medicinal, entendendo que “a regulação da cannabis medicinal é uma questão urgente de Politica de Saúde Pública. Assim, estamos nos organizando para a Primeira Marcha que ocorrerá no espaço Ateliê Casa de Madeira, situado à Rua Tupi, nº 200, no dia 29 de maio, a partir das 9h30, com mesas de debates, panfletagens, elaboração e cartazes e apresentações artísticas”, informou.
O foco do evento, segundo Sônia Maria, é “a luta pela descriminalização de plantio para usos medicinais e terapêuticos da planta, pelo resgate de uma terapêutica milenar. Maconha ou cannabis é referência a uma planta asiática cultivada há milhares de anos pela Humanidade e entendemos que a proibição de seu uso é erro histórico.”
Ciência comprova benefícios – Sônia diz que “para a Ciência não resta mais dúvidas sobre os diversos efeitos terapêuticos da cannabis e sobre suas múltiplas e seguras formas de uso.. Por isso trouxemos o termo Medicina para nossa marcha fazendo referências à seu uso ancestral como fitoterápico da natureza e da floresta”. .
Ela informou que “a intenção das mesas de debates é trazer informações seguras sobre o uso medicinal da erva. Vamos discutir a história do proibicionismo, a guerra às drogas e impactos sócio-econõmico que o proibicionismo impõe.
O manifesto entende que “a politica proibicionista contribui com o genocídio da juventude periférica e negra e com o encarceramento em massa. Menores são absorvidos pelo tráfico como possibilidade de opção de renda enquanto os grandes produtores e chefes do tráfico são os que lucram e são, em sua maioria, brancos e engravatados que nunca serão presos”.
Queremos propor aqui essa discussão porque nosso manifesto é pelo livre cultivo para garantir o acesso da medicina fitoterápica da cannabis a todos que precisam e não para ser monopólio das grandes indústrias farmacêuticas com acesso a poucos privilegiados”, enfatizou Sônia Maria. “Entendemos que a revolução é cultural, garantindo o acesso à informação para todos com o intuito de quebrar o preconceito”.
O manifesto se compromete a “tratar o assunto com responsabilidade, com estratégias de informação, educação e promoção de saúde como abordagens mais adequadas para lidar com a questão das drogas. A proibição gera violência, repressão e violação de direitos da população sobre tudo da juventude negra.
Inclusão no SUS – A frente de coletivos pela cannabis medicinal diz que “as mesas irão propor a reflexão de que a Cannabis tem o poder de tratar uma gama considerável de patologias, com redução de danos, mas com a política proibicionista e a criminalização do livre cultivo, apenas as pessoas mais privilegiadas economicamente tem acesso a essa medicina enquanto as pessoas mais necessitadas são as que mais padecem por não terem condições de acesso ao óleos medicinais da maconha ou canabidiol”.
Nesse sentido, de acordo com a palestrante, “a ideia é discutir que para ter acesso amplo são necessárias Politicas Públicas de Saúde, é necessário que a cannabis entre no SUS pelas portas da frente para compor as terapias integrativas como terapia fitoterápica, diminuindo altos custos desse medicamento. A terapia fitoterápica tem alcance preventivo também, com menor impacto tóxico por ser uma erva natural.
Luta do padre Ticão – Sônia disse que “não podemos falar em medicina da cannabis sem mencionar o trabalho do padre Ticão inclusive em nossa cidade. Padre Ticão dedicou sua vida a essa causa. Daí dedicar o evento de domingo à sua memória”, explicou.
Padre Antônio Luiz Marchion, conhecido como padre Ticão, pároco da igreja de São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, liderou, por décadas, lutas populares por moradia, saúde alternativa e educação, pela legalização da maconha medicinal. Ele era um crítico impiedoso da indústria farmacêutica.
Uma comissão especial da Câmara dos Deputados que analisou o Projeto de Lei 399/15 aprovou parecer favorável à legalização do cultivo no Brasil, exclusivamente para fins medicinais, veterinários, científicos e industriais, da Cannabis sativa, planta também usada para produzir a maconha.
A proposta foi aprovada na forma do substitutivo apresentado pelo relator, deputado Luciano Ducci (PSB-PR), ao texto original do deputado Fábio Mitidieri (PSD-SE). Em razão do caráter conclusivo, o texto poderia seguir diretamente para o Senado, mas haverá recurso para análise em Plenário.