Bióloga da Unifesp e equipe passaram anos estudando plantas com os quilombolas da Fazenda e Camburi
As moções no 22, 23 e 24 do vereador Rogério Frediani -PL- entregues na 12ª sessão realizada nesta terça feira -30/04- reconheceram os trabalhos de pesquisa participativa coordenados pela bióloga Eliana Rodrigues, do Centro de Estudos Etnobotãnicos e Etnofarmacológicos da Universidade federal do Estado de São Paulo – Unifesp- iniciados ainda em 2015 e agora concluídos.
Essas pesquisas es resultaram na produção de cinco documentários e dois livros envolvendo o uso de plantas, saberes ancestrais e costumes tradicionais dos moradores dos quilombos da Fazenda da Caisa e do Camburi com o registro de 437 tipos de utilização para 221 plantas registradas além da publicação de um manual para o manejo da taboa, seis trabalhos acadêmicos e um vídeo com instruções para a produção de cosméticos.
Entre as publicações, um manual sobre o manejo da taboa
Os saberes tradicionais dos residentes vão desde fins medicinais das diversas plantas até o uso delas em peças artesanais e receitas culinárias. “É um conhecimento passado de geração a geração, mas que está se perdendo”, comenta a bióloga.
A parceria entre pesquisadores e membros da comunidade foi sucesso imediato nos meios acadêmicos e comunitários, num esforço iniciado ainda em 2015. A bióloga também é idealizadora da metodologia da etnobotânica participativa e pode ver os saberes tradicionais traduzidos em ciência.
Por muito tempo, a natureza era a única fonte de remédio que a comunidade conhecia. Foi no final dos anos 1970, com a construção da rodovia Rio-Santos, que os moradores quilombolas passaram a ter acesso a serviços de saúde e farmácias nas cidades mais próximas.
ANOS COM OFICINAS DIDÁTICAS – Nas primeiras fases do projeto os moradores dos dois quilombos receberam oficinas sobre métodos de antropologia cultural, botânica e didáticas de como realizar os levantamentos em seus territórios.
A bióloga envolvida em seu trabalho com plantas
Em 2019 pesquisadores e comunidades colocaram o aprendizado em prática resultando nos trabalhos citados acima, de grande importância acadêmica e científica sobre saberes e manejos sustentáveis, uso e tratos de recursos naturais dos territórios.
O vereador Rogério Frediani parabeniza a bióloga Eliana Rodrigues e sua equipe “que souberam mostrar o valor que tem essa mata Atlântica maravilhosa”
A bióloga pronunciou-se agradecendo a homenagem, dizendo que “por trás de uma pessoa existe um Mundo. Tem muita, muita gente envolvida nos trabalhos, detalhou, citando que além da Unifesp há outras instituições juntas como a Universidade de São Paulo, o Parque Estadual, a Universidade do Havai , as associações dos quilombolas, o Instituto de Pesquisas Ambientais -IPA- que é a junção de três instituições seculares como o Institutos de Botânica, Florestal e Geológico.
“Quando me perguntam o que eu, como cientista, pretendo devolver para a comunidade com esse trabalho, digo que não posso devolver algo que já é daquela comunidade”, reflete a bióloga. “Eles são protagonistas, atores e pesquisadores do projeto”.
Ela deixou ainda agradecimento especial a professores envolvidos com destaque para o professor Tadeu que faleceu no decorrer dos trabalhos e para Henrique Becker, morador daqui de Ubatuba que, segundo ela, foi o culpado de tudo isso, por ter me chamado.