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“VIOLÊNCIA DOMÉSTICA É PROBLEMA TENEBROSO DE SAÚDE PÚBLICA”, DIZ DELEGADA

Em palestra na Câmara, delegada Júnia conclama as mulheres a unirem-se por politicas de atenção e divulgação da delegacia on line

Numa iniciativa da Escola de Aperfeiçoamento e Formação dos Servidores da Câmara de Ubatuba -ESFAS – o plenário do Legislativo recebeu a delegada de polícia da Delegacia Regional do Interior de São José dos Campos -DEINTER-, Júnia Cristina Leme Macedo,  que descreveu, em detalhes, o roteiro que leva um homem agressor até o feminicídio dentro de um relacionamento abusivo, hoje um problema tenebroso de Saúde Pública que gera outros N problemas”.

A coordenadora da Escola do Servidor, Madalena, apresenta a palestrante

A delegada falou sobre “a Lei Maria da Penha e seus desdobramento nas leis atuais”, no enfrentamento à violência contra as mulheres, num chamamento à união de todas as mulheres para que cobrem dos vereadores e órgãos de Governo, politicas públicas contra a violência doméstica e familiar e ajudem a divulgar a Delegacia On Line .

“Temos hoje a delegacia on line da policia civil”, prosseguiu. “Muitas vezes a mulher não precisa sair de casa, não precisa se sentir constrangida num balcão da delegacia. Ela pode fazer o B.O. pela Internet, no site da Polícia Civil, pode requerer a medida protetiva por ali. Este boletim registrado pela Internet vai parar  aqui na delegacia da Mulher  de Ubatuba e a dra. Ana pode tomar as providências”, informou.

A Delegacia Eletrônica fica no site da Policia Civil estadual, um serviço gratuito para registro de boletins de ocorrência e solicitação de medidas protetivas. Eis o link:  https://www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br/ssp-de-cidadao/home

O caminho da violência – Segundo a delegada, “a violência doméstica tem um caminho porque a mulher não se apaixonou do início por um homem mal educado, grosso, que trate mal. Esse homem agressor um dia ele foi um galanteador. E com isso, ele se aproximou da sua vítima. E com o tempo, o que acontece? Aquela fase do amor, do romance acaba virando uma fase de tensão em que parece que só o respirar daquela mulher já provoca a ira desse rapaz. E essa mulher começa então a pisar em ovos”.

Na sequência, narra a delegada Júnia, “vem a fase da explosão que pode começar com um chute no seu gato, no seu cachorro, pode ser um murro na parede. Mas esse homem consegue convencer às vezes que a mulher foi a culpada por ele ter explodido, que ele não tinha como reagir de outra maneira, ele já estava nervoso do trabalho, não esquentou a sopa direito. Assim, após a fase de romance e de amor, começa o ciclo de violência”.

A delegada adverte que “o pior é que quanto mais tempo essa mulher, essa vitima permanecer nesse círculo de violência, mais difícil sair dele e mais esse agressor vai afastando essa mulher da rede de apoio familiar ou de amigos. De repente ela está isolada. Ela nem sabe mais quem ela é, perde sua personalidade e isso pode evoluir até o feminicidio”.

Estatísticas não mostram realidade – Júnia Macedo lamenta que “infelizmente temos uma ficha negra de fatos que não são registrados. Dados estatísticos que temos de violência doméstica ou estupros muitas vezes não condizem com a realidade porque muitas vítimas não acabam registrando ocorrências. Tivemos feminicidio aqui na região (Jacareí, Caraguá, Ilhabela) e não  havia nenhum registro anterior de violência doméstica contra essas vítimas”.

Para a delegada, “essas mulheres não registraram nada, infelizmente, porque não prestaram atenção aos sinais. Para isso temos essa Semana de Conscientização nos Municípios,  para mostrar que é muito importante a conscientização para que não se chegue nessa situação horrorosa que é a morte dessa vitima”.

“O que pedimos sempre é que sua rede de amigos, a rede familiar, não deixe essa vitima sozinha. E difícil deixar um relacionamento tóxico. Esse ciclo de violência quanto mais se alonga no tempo mais a vítima se afunda no abismo emocional. Se todo mundo que ama essa pessoa deixá-la de escanteio provavelmente vai terminar em feminicidio. Daí a importância da rede de apoio, Municipal, dos órgãos governamentais e não governamentais”, enfatizou a delegada.

“A agressão psicológica deixa traumas horrorosos”

Problema de Saúde Pública – Para Júnia Macedo, “a  violência doméstica é um problema de Saúde Pública, um problema que vai acarretar N outros problemas. É social, é tenebroso. Se temos um lar em que se registra uma situação grave de violência doméstica, a criança ou o adolescente não vai querer ficar nessa casa. Vão pra rua. E um traficante vai abraçar essa criança ou adolescente. Crianças que fizeram de tudo para fugir de um lar abusivo acabam em outra situação abusiva de tráfico ou prostituição. Então é questão sim de saúde pública e social, urgente”, lamentou.

Ela elogiou o trabalho da equipe do CRAS – Centro de Referência de Assistência Social – CRAS – de Ubatuba que atende entre dez a quinze vitimas de violência doméstica por semana, cerca de 60 por mês. Júnia afirmou que “temos que ter muito respeito pela equipe do CRAS porque não é fácil trabalhar com isso. Quem trabalha com violência, com vítimas de traumas também precisa ser trabalhado porque as vezes a gente se acha impotente, tenta ajudar, às vezes parece em vão. Mas é uma tarefa do beija flor que com a gotinha no bico colabora da forma que pode para apagar o incêndio. Que não nos intoxiquemos a ponto de fazer parte daquele enredo violento”.

A delegada entende que “a mulher não consegue sair da situação por problemas financeiros. Então como ela vai arrumar um psicólogo. Ela depende da rede pra tudo. É complicado falar de violência porque só quem vive sabe o quanto que é difícil. As pessoas dizem “ah, ela não largou porque é vagabunda, ela gosta apanhar”. Só que a pessoa está julgando uma coisa que ela não conhece, não vive. Só quem trabalha com isso sabe o quanto é difícil”, desabafou.

A palestrante conclamou “a mulherada de Ubatuba que se una na reivindicação de politicas públicas voltadas para a proteção às vitimas de violência doméstica, um trabalho que não é o CRAS que tem que fazer. São as mulheres. A partir do momento em que se tenha união para solicitar aos órgãos, as coisas começam a acontecer. Uma  grande caminhada se começa com um passo. A gente precisa pensar sobre isso sim”.

Lei Maria da Penha é completa – A delegada Júnia está entre as pioneiras no combate à violência contra as mulheres, tendo participado da III Jornada para a criação da Lei Maria da Penha como representante policial do Fórum Nacional de Juízas e Juízes de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (Fonavid) criado em 2009.

Mas ela lamenta que o Brasil tenha sido descoberto em 1500 e só apenas em 2016 a lei tenha sido sancionada. “Acho a Lei Maria da Penha inicial completa. Nem precisávamos de outros complementos se os operadores de direito atuassem da forma como deveriam atuar. Já tinha questão da medida protetiva, de poder obrigar o homem a participar de programas psicológicos. Não precisava de medidas protetivas. Cada vez que sai uma atualização eu falo com todo respeito que já estava previsto, já tinha no original”.

Ela acha importante falar para as mulheres porque nesses 13 anos de lei muita gente não sabe que se a vitima foi agredida e não deixar marcar não é lesão corporal mas é vias de fato, a mulher ser xingada é crime, ter o seu cartão de auxilio alimentação retido pelo marido é crime.

“Temos a violência psicológica que é a pior que uma agressão física porque as vezes a mulher fica com traumas horrorosos. Mas a gente precisa de uma prova que teve essa situação de agressão psicológica então a  gente precisa de um psicólogo para dar o parecer”.

Ela repete que “estamos em uma semana de conscientização, é um alerta: mulheres atenção aos sinais, por favor. Quando acontece esses fatos traumáticos a gente não tem como salvar as vitimas mas que sirvam de alerta para outras vitimas que estão em relacionamento abusivo para que saiam deles antes que saia num caixão”, concluiu.